Thursday, July 28, 2011

Desmitificando o turismo no Brasil

Têm-se observado nos últimos anos um maior interesse desde o mundo da política pelo turismo no Brasil, sendo o turismo uma atividade complexa e sistêmica é importante esse engajamento num fenômeno que foi por muito tempo minimizado e que pode pelo seu potencial contribuir sumamente ao desenvolvimento do país, sobretudo dos estados mais desfavorecidos.
No entanto, é preciso um certo cuidado em diagnósticos que são no mínimo equivocados já que muitos fatores influenciam na chegada de turistas a um determinado país, muitos são os questionamentos do porque o Brasil receber quatro vezes menos turistas que o México.
A Organização Mundial do Turismo afirma que para o ano de 2020 de cada 100 viagens internacionais 76 serão feitas dentro da própria região de origem, o chamado turista intra-regional. Pois bem, observando que o México divide fronteira com os Estados Unidos da América é absolutamente natural que esse país capte um grande fluxo de turistas norte-americanos, um californiano pode com o seu carro cruzar a fronteira e passar uma semana de férias no Estado de Sinaloa no México sem nenhum incoveniente.
No caso do Brasil, é preciso ter em conta que nossos vizinhos ainda não possuem um poder de viagem forte, pelo contrário, é maior a probabilidade de um boliviano ou de um norte-americano viajar?
O custo das viagens, uma maior informação do destino, o tempo a ser gasto na viagem, além da variedade nos meios de transporte a serem utilizados são alguns dos fatores que facilitam o turismo intra-regional (dentro da própria região).
Assim sendo cabe ao Brasil ser um destino de longa distância de primeira ordem, para isso é preciso melhorar nossa conexão com os outros países dos BRICS - a China já é o 3º país que mais gasta em viagens internacionais, a Rússia é o 9º, no entanto não existe nenhum vôo entre o Brasil e a Rússia e apenas 1 vôo da Air China que conecta Pequim a São Paulo.
Em 2010 recebemos pouco mais de 15.000 turistas russos e cerca de 38.000 turistas chineses, muito pouco para o tamanho desses mercados e para a diversidade de destinos no Brasil, deve-se trabalhar a promoção do Brasil tendo em conta as singularidades de países com uma demanda emissora reprimida com sede de consumo, costumo dizer que existem várias Chinas dentro da própria China e por isso é preciso fazer um trabalho de divulgação do destino voltado a cada grande metrópole do país.
No turismo internacional mais vale a qualidade que a quantidade, por isso é preciso aproveitar a força do real para fazer com que esses potenciais turistas de países emergentes - sujeitos pelo tempo de viagem a pernoitarem mais dias no Brasil - possam gastar seu dinheiro aqui aproveitando a sinergia de um país continental como o nosso.
Outro fator importante é que aquele turista com poder aquisitivo além de gastar mais é pouco afetado pela crise econômica, o Brasil ainda é sobretudo na Europa, o destino de uma massa assalariada que teve de "apertar o cinto" e cortar gastos diante da atual conjuntura internacional, por isso é importante trabalhar junto aos operadores internacionais roteiros pela América do Sul num marketing integrado entre os países da região.
O melhor exemplo de comparação do Brasil é com a África do Sul que recebeu em 2010 pouco mais de 8 milhões de turistas, no auge da Copa do Mundo, essa é uma meta factível para o Brasil, mais do que isso a curto prazo é mera ilusão pelos fatores já sinalizados nesse texto.
O objetivo da Embratur é focar o mercado sul-americano, uma tendência natural exposta pela própria OMT, Chile, Argentina, Uruguai, Peru, Colombia e Venezuela são mercados com capacidade de expansão, caberá portanto diversificar às ações, nunca concentrar o turismo num mesmo mercado emissor a fim de que esse não esteja sujeito às volatilidades de um setor forte mas extremamente variável.

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